domingo, 14 de outubro de 2012

Açores, eleições


Segunda-feira, Outubro 15, 2012


Açores, tempos felizes...




Hoje escrevo sobre algo mais pessoal e um pouco diferente dos temas técnicos a que vos acostumei. Este fim de semana ocorreram eleições regionais nos Açores e por isso vou falar um pouco sobre a minha relação com as ilhas

Eu tenho raízes nos Açores, nas chamadas ilhas de bruma tão bem caracterizadas por Vitorino Nemésio nos seus escritos.

A minha família é praticamente toda da ilha Terceira, embora neste momento poucos restem naquela ilha no meio do Atlântico, uns foram para o continente americano, outros para o Continente português, como os meus pais.

Ponho hoje esta foto de um maracujá, por me lembrar das minhas férias de criança em que a minha avó me fazia um refresco de maracujá com lima e açúcar, e para fazer umas bolhinhas punha um pouco de bicarbonato e tinha o meu perfeito refresco de Verão.

Foi na Terceira que aprendi a nadar, na Calheta, uma piscina natural nos Biscoitos e onde "pescava" com o auxilio de umas migalhas de pão, uns peixinhos minúsculos que apanhava à mão e que depois a minha avó fritava e que eram uma delícia.

A lado da Calheta, ficava e ainda está lá, o Abismo, uma fossa que segundo os que lá mergulhavam ia a mais de 30 metros de profundidade, e onde só os mais afoitos se aventuravam, esses e os americanos da Base das Lajes com as suas botijas de ar e fatos de mergulho.

Mas para mim, a Terceira e os Açores sempre foram um sinónimo de felicidade e de alegria, onde fazia coisas que me estavam vedadas em Lisboa, como alimentar o porco com maçarocas de milho, ou dar uns ossos ao Pachita, o cão do meu avô para que ele me deixasse apanhar as ameixas enormes e ácidas que pendiam da árvore.

São recordações de tempos muito felizes, em que não faltam as leituras no sotão dos Almanaques Borda d'água que o meu avô guardava religiosamente atados em molhos com corda de sisal!

Eu nadava nas águas calmas da Calheta, comia as uvas no quintal, ou dava grãos de milho às galinhas, e hoje senti-me novamente nesses tempos de calmaria e felicidade, em que ao lado de um Abismo, há sempre uma piscina calma, segura e protegida.

Hoje, os Açores proporcionaram-me novamente tempos felizes, em contraponto com o Abismo escuro e profundo do que se passa em Portugal!

Obrigado Açores, por nos fazerem sonhar com tempos melhores...

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